Seguidores

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um sonho chamado Anavilhanas

Destino da vez: Arquipélago de Anavilhanas. Em poucas palavras: um dos lugares mais fortes e especiais que conheço. Essa é a segunda vez que venho pra esse pedaço da Amazônia. A primeira foi há seis anos, quando passei dois meses rodando o documentário “A Próxima Refeição”, roteiro dirigido por Kleber Bechara e vencedor do DOC TV, da TV Cultura. Na época, viajamos de barco pelo Parque Nacional do Jaú, para mostrar o modo de vida dos moradores do Tambor, a mais longínqua comunidade da região, distante quatro dias de barco partindo de Novo Airão, município que fica há 180 quilômetros de Manaus.
A viagem dessa vez foi bem menos aventureira, mas nem por isso, menos impactante. A Amazônia é forte, exuberante, faz a gente se sentir pequenininho e, ao mesmo tempo, é daqueles lugares que nos conectam com a Natureza e com nós mesmos. Indispensável.
O objetivo agora foi gravar uma matéria para a TV TAM Nas Nuvens mostrando exatamente a região de Anavilhanas, o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, ainda muito pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. Ali tudo é superlativo. São mais de 400 ilhas e inúmeras ilhotas que ficam no baixo Rio Negro, aquele rio cor de coca-cola que, felizmente, não tem mosquitos!

Vista do belo Rio Negro. Banhos permitidos, mas só onde não tem jacaré!

A viagem começou em Manaus, cidade que não me atrai muito, exceto pela Praça do Teatro Amazonas. Mas a parada na capital foi apenas para o almoço. Quando estiver na cidade, não deixe de comer no restaurante Canto da Peixada, no bairro Praça XIV. Entre tantas opções como matrinxã, pirarucu, pacu, escolhi uma costela de tambaqui assada na brasa e, hummm, que de-lí-cia!
Rumamos para a balsa e fomos pegos pela chuva, afinal, fevereiro é inverno por aqui. Três horas de estrada depois, estávamos no Anavilhanas Jungle Lodge, um hotel de selva, a apenas 3 km’s de Novo Airão. Lugar bacana pra se hospedar em meio a Floresta, com conforto e padrão internacional. Muito charme, zero frescura. Hora de dormir com o barulho dos bichos e se preparar para o dia seguinte.

Piscina do Anavilhanas Jungle Lodge, com vista do Rio Negro ao fundo

Os quartos são assim, charme em meio a Floresta Tropical

Quem acompanha a nossa nessa incursão pela natureza é o Chico, guia experiente do Lodge que, de um jeito modesto, diz conhecer “um pouco da região”. Parada inicial: o encontro com os botos cor-de-rosa. Há anos, o convívio com vários desses animais mudou completamente a vida de Marilda Medeiros “dos Botos” que ganhou fama na imprensa mundial. Ela e suas duas filhas conhecem cada um deles, chamam pelo nome e são daqueles belos exemplos de amor entre o homem e os animais não domésticos. Antigamente, o visitante podia mergulhar com os cetáceos. Dóceis, eles vinham comer os peixes que oferecíamos. Hoje, só podemos observá-los bem de pertinho, o que já é uma experiência bastante emocionante. Conta a lenda que, em noite de festa junina, o boto cor-de-rosa se transforma em um belo rapaz vestido de branco. Com seu charme, ele encanta as moças, as leva para o rio e acaba por engravidá-las. Marilda jura que nunca aconteceu com ela e brinca que ainda está a espera desse belo rapaz...
Brincando com os botos, experiência inesquecível até mesmo para os já "iniciados"


O destino agora são os igapós, trecho de floresta alagada, ideais para serem explorados de canoa. A visão ali é de um verdadeiro mundo encantado, onde podemos passar ao lado de árvores parcialmente encobertas pelas águas. O silêncio é mágico, quebrado apenas pelo canto de belos pássaros como o japi.
De lá, partimos de voadeira (um barco com motor que lembra uma canoa) para uma trilha que foi uma verdadeira aula in loco sobre plantas e insetos. Lição número um: olhe sempre antes de colocar a mão em uma árvore ou arbusto e não ponha na boca nada que seja vermelho. Hum, melhor não contestar. A surpresa maior ficou por conta das tapibas, formigas perfumadas que não picam e servem como repelente natural. Depois veio a árvore Amapá que produz leite de magnésia, aquele remédio que a mãe da gente dava quando estávamos com dor de estômago, lembra? Ali também existe cravo que estamos acostumados a usar para cozinhar, mas o da Amazônia cresce como um arbusto no chão. Também senti o delicioso cheiro do Breu Branco, árvore que fornece a essência para fabricação de perfumes. Fechando o dia, entramos em outro trecho da floresta para ver os Macucus, as famosas árvores gigantes. De frente pra uma delas, pensei: não é todo dia que se pode abraçar uma árvore de 50 metros e 350 anos. Pode ter quem ache isso coisa de “freak” mas, não dá pra negar: a energia é poderosa!

 Trecho de Igapó, floresta alagada. Na época das cheias a água chega lá na copa das árvores

 De voadeira pelo rio, quando chega no igapó, o jeito é remar...

Já abraçou um Macucú hoje?

Para terminar a viagem, o caminho de volta a Manaus foi feito de hidroavião. Aliás, essa é uma ótima opção pra economizar tempo, já que são 35 minutos no ar, contra três horas de estrada. Recomendo contratar o vôo do simpático e experiente comandante Jair, da Seaplane Tours Manaus. Do alto e de um novo ângulo, dá pra ter a real noção da imensidão da região. Tomara que você também possa conhecer esse lugar um dia e que, quando venha, traga a consciência da preservação desse tesouro. E que quando volte pra casa, leve com você o presente que é vivenciar um dos lugares mais lindos do mundo.

 Vista aérea da região de Anavilhanas

 Equipe TAM Nas Nuvens, Rodrigo, Marcel e Guilherme

 Guaraná Baré, refri batizado com o nome da tribo indígena da região de Manaus

 Céus da Amazônia, precisa dizer mais?

Valeu Chico! Até a próxima...




Um comentário:

  1. Trabalhei lá....lembro de vcs kuando estiveram em nosso maravilhoso hotel!!!!linda as fotos...

    ResponderExcluir