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segunda-feira, 15 de abril de 2013

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Campo Grande, porta de entrada para o precioso Pantanal

Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, nunca foi um destino que atraiu muito a minha atenção. Mas acabo de voltar de lá depois de gravar uma série de matérias para a TV TAM Nas Nuvens e trouxe várias dicas bacanas. Então, se um dia você também passar por ali, aproveite para curtir alguns lugares dessa cidade que é porta de entrada pra um dos cartões-postais mais lindos do Brasil: o Pantanal.

-       No Mato Grosso do Sul tem muito índio. Até aí, nenhuma novidade. Mas você sabia que em Campo Grande existe a primeira aldeia indígena urbana do Pais? Pois é. São cerca de 700 índios da etnia terena que vivem em 135 ocas de alvenaria, na Comunidade Marçal de Souza. Trata-se de um bairro com casas de alvenaria, sem muito charme. Mas o  legal dali é que uma mulher, Enir da Silva Bezzerra, foi eleita, de forma inédita, cacique desses índios e, uma vez na região,  visite o Memorial da Cultura Indígena. Esse sim tem várias peças de artesanato, como  belos vasos de cerâmica por um preço que vale muito a pena!
Eu e a primeira cacique mulher do Brasil

foto: Bê Jorge
-       Existe na cidade um dos maiores complexos de parques urbanos do mundo! E se você chegar no Parque das Nações Indígenas no finalzinho de tarde vai ver um momento surpreendente: dezenas de capivaras amontoadas prontinhas pra serem fotografadas. Incrível estar numa capital e ficar tão perto de bichinhos assim.  Em 2013 vai ser inaugurado ali um aquário que leva o projeto do arquiteto Ruy Ohtake, trazendo as principais espécies aquáticas do Estado. Ainda falando em parques, conheça de perto o trabalho feito no CRAS, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, localizado no Parque do Prosa. Lá, um time de veterinários, biólogos e zootecnistas recebem animais do cerrado,  como onças pintadas, pardas, tucanos macacos e outros bichos abandonados ou recuperados do tráfico ilegal e os tratam para que possam voltar a viver livres na natureza. Atualmente o CRAS cuida da única anta albina do mundo!
Onça-pintada, lenda do Pantanal. Essa não tava pra conversa....
foto: Bê Jorge

A única anta albina do mundo! Essa que aparece comendo legumes, ok?
foto: Bê Jorge

Dezenas de capivaras "desfilam" pelo Parque das Nações Indígenas ao entardecer
foto: Bê Jorge
-       No Museu Dom Bosco não deixe de conhecer a ala dedicada à cultura indígena do Estado. Os cocares, fotos e objetos são expostos de forma belíssima e mostram o quanto a cultura brasileira merece ser registrada e, acima de tudo, preservada. Atualmente,  o MS tem a segunda maior população indígena do Brasil.
Indio da etnia Terena
foto: Bê Jorge
-       Feira Central: melhor pedida pra terminar um passeio pela cidade é provando o tradicional sobá, trazido ao MS pelos imigrantes japoneses. O prato é feito de massa de macarrão mergulhada em um caldo quente, com cheiro-verde, carne de porco, omelete em fios e gengibre. Fica ainda mais gostoso com shoyou. Aos sábados, a praça de alimentação da Feira Central fica lotada e as barracas chegam a vender até 6 mil sobás por noite!
Missão cumprida. A equipe da Tam Nas Nuvens no fim do dia de trabalho

Nos próximos posts, eu conto pra vocês como foi adentrar o Pantanal no lendário trem da região e um dia em meio a um dos ecossistemas mais importantes do Planeta. Até!



segunda-feira, 23 de maio de 2011

Venezia, La Sereníssima!

Veneza, 10 de maio de 2011, terça-feira, 08.36 p.m., horário local.

"Caminhando pelo bairro de Cannaregio, encontro uma jóia gótica. La Chiesa Madona del’Orto. Um silêncio pouco usual frente as hordas de turistas que circulam pela cidade. Na última luz do dia, um presente exclusivo: momento de paz que, pela primeira vez nessa viagem, me faz sentir o tão famoso encanto de Veneza. Sigo sem direção estabelecida e outra surpresa: o cheiro de azeite esquentando nas panelas sai das janelas das casas, das “simples” residências venezianas. Misturado a isso, a brisa traz o perfume do sabão que lavou as roupas agora estendidas pra fora, secando ao sabor do vento. Odores de uma vida cotidiana. Odores do Velho Mundo. Em um tempo de cinco minutos, entro numa rua “qualquer” e passo em frente à casa onde morou o compositor Richard Wagner. Tudo sem ter planejado nada. “Isso” é Veneza!"

Surpresas a cada curva
Minha passagem por lá dessa vez foi rápida, dois dias e meio, o que pode parecer muito diante do costume que gente do mundo inteiro tem de fazer apenas um “bate e volta”. Puro pecado. Esse tesouro da Humanidade merece várias e várias viagens, já que não existe nenhum outro lugar do Planeta com a mesma configuração desse pedaço do Vêneto. E se em outros tempos, a República La Sereníssima, ex-potência marítima e uma espécie de Nova Iorque da Idade Média atraia a atenção do mundo todo, hoje o grande barato de visitar Veneza é que a paisagem segue praticamente a mesma desde os primeiros anos da Era Cristã. 

Todo ângulo é perfeito para fotografar em Veneza
Os canais, as mais de 400 pontes, as ruas, vielas, “fondamentas” e “sotoportegos”... Flanar por ali é como explorar um mundo irreal. Dizem que a cidade um dia vai desaparecer embaixo d’agua, depois de uma grande inundação. Na dúvida, mais de 12 milhões de turistas a visitam todos os anos para conferir com os próprios olhos as belas construções, entre elas mais de 450 palácios de vários estilos que o ser humano foi capaz de erguer há tantos anos com o mais delicado  “capriccio”.
A cada esquina séculos de História

As pontes e balcões enfeitados com flores são cenário perfeito para viver um romance
Como desta vez fui a Veneza a trabalho, vou recomendar algumas lugares que descobri. Não é um roteiro completo, mas sim, um guia por onde passei mas que, sem dúvida alguma, vale a pena ser repetido por você. Chi vediamo una altra volta a Venezia!


Vai lá:

Hotel: toda viagem fica mais agradável quando a hospedagem é boa. O Boscolo Hotel Bellini é quatro estrelas, funciona no lugar de um antigo palácio aristocrático e reproduz essa atmosfera nos quartos. Você vai se sentir um conde ou uma duquesa na suíte que tem vista para o Grande Canale. A localização é perfeita pra quem busca praticidade: fica na rua da principal estação de trem, a Santa Lucia. 
Já o 5 “stelli” Grand Hotel Dei Dogi, da mesma rede, é puro luxo e uma viagem histórica. Erguida no século XVII, a construção traduz a típica arquitetura veneziana da época. Naquele tempo, a região de Madona dell’Orto era a única área cultivável da cidade e, graças a isso, o hotel é hoje o único com uma área verde de 3 mil metros quadrados e um agradabilíssimo jardim interno em estilo inglês que se abre para a espetacular lagoa de Veneza.
Pausa perfeita para o "dolce far niente", no jardim do Hotel dei Dogi
Lobby do hotel com destaque para o grandioso lustre de Murano

Igreja:
São centenas em Veneza! No bairro de Cannaregio, caminhando cerca de 15 passos do Hotel Dei Dogi fica a encantadora Chiesa Madona dell’Orto, preciosamente localizada em frente a um tranqüilo canal, o que leva a uma atmosfera de paz. Simples, a primeira vista. Mas em seu interior quadros imensos do pintor veneziano Tintoretto (que morou bem pertinho dali) enfeitam as paredes. Destaque para a obra “O Juízo Final”.
A delicada fachada de Madona dell'Orto
Cervejas do mundo inteiro:
O Aldo Campalto é um achado. O “baccaro-pub” tem uma enorme coleção de cervejas do mundo inteiro freqüentado também por uma galera do mundo inteiro. O ambiente é bem simples, com algumas mesinhas na calçada, beirando um canal. Perfeito para as noites quentes. Funciona todos os dias até as 2 da manhã, coisa rara em Veneza.
Fondamenta Cormesini/ Cannaregio 2710


Vinhos e “tapas” italianas:
Turista com sorte ou bem informado encontra os lugares freqüentados por gente da própria cidade. É assim na Cantine Aziende Agricole, de Berti Roberto (um figuraça) e na Enoteca Cantinone “Già Schiavi”, comandado por uma família tipicamente italiana.  São dois lugares para tomar vinhos bons e baratos, petiscando deliciosas tapas italianas que podem ser de atum, queijo, alcachofra, ricota com abóbora, bacon... As casas também oferecem uma infinidade de garrafas que podem ser levadas a preços bem interessantes. Se você já se perdia pelas ruas de Veneza, espera só até sair desses lugares, muitas taças de vinho depois...
Aziende Agricole: Rio Terà Farsetti/ Cannaregio, 1847/A
Enoteca Già Schiavi: Dorso Duro/ S.Trovaso 992
A entrada da Aziende Agricole 
Delícias da "Già Schiavi"
Restaurante:
Pode ir de olhos fechados ao La Colombina. Cozinha típica, porém inventiva. Ali, uma “simples” bruschetta ganha sabor superior. Experimente a massa com frutos do mar, que é tradição na cidade, mas neste restaurante se transforma em uma experiência gastronômica. Faça reserva antes e procure pelo simpático Signore Domenico que adora brasileiros!
Corte Del Pegoloto/ Cannaregio 1828-1831
Fachada do La Colombina
O tiramisú de outro restaurante, o 4 Ladroni, no sestieri (bairro) de Cannaregio
Fábricas de vidro, Murano:
Realmente vale pegar um “vaporetto” (os barcos que são o transporte público) e conhecer o trabalho dos artistas que seguem a técnica secular de fazer arte em vidro. Não é a toa que a ilha de Murano ganhou fama internacional. A que visitei chama-se Gino Mazzuccato. Dica importante: certifique-se do dia que há produção para que você veja as obras sendo feitas na hora (e não caia no conto da “demonstração”). Quando for à loja que fica na extensão da fábrica, siga para o andar de cima onde estão as peças mais exclusivas (e caras também ;-()
Fondamente Mani, 1 Murano
Artistas em plena produção 
Clown sendo feito a 4 mãos em alta temperatura
Agora em junho começa a Bienal de Artes de Veneza, a mais prestigiada mostra de artes do mundo. Até setembro, mais de 80 artistas de várias nacionalidades e cerca de 100 representantes italianos vão expor suas obras. Independentemente da Mostra, Veneza respira arte e é um museu a céu aberto.

Modernidade misturada a tradição. Arte por todos os lados 
Há muitas coisas para sugerir sobre Veneza, mas aí eu deixo para um guia especializado e completo. Só mais algumas considerações antes de terminar. Visite a Piazza San Marco, o principal ponto turístico da cidade e por isso mesmo absurdamente lotado, à noite (caso você já conheça durante o dia). Faça uma pausa no Café Florian (um dos mais tradicionais) e contemple...
Vista da Piazza San Marco ao fundo
Detalhe do Palazzo Ducale, antiga moradia do governador de Veneza
Uma vez na cidade, experimente o famoso drink Bellini, feito com prosecco e pêssego. A bebida, deliciosa por sinal, é uma homenagem ao pintor Giovanni Bellini mas que foi imortalizada por Ernest Hemingway, cujas palavras tomo emprestadas para finalizar essa viagem: “Sentado as margens do Grande Canal e escrevendo perto de onde Byron, Browning e Annunzio escreveram, senti que eu tinha chegado ao lugar onde eu sempre deveria ter estado”.

Arrivederchi!

Angelo, eu e Kiko. Equipe TAM Nas Nuvens em "ação"
Roupas ao vento. Foto: Angelo Tapias
Detalhe na vitrine de um restaurante. É tutto vero!
Em que outro lugar do mundo pode haver uma sinalização como essa?
A beleza está nos detalhes. Aqui, em uma gôndola
Detalhe das fontes de água espalhadas pela cidade 
O nariz da escultura foi recuperado depois de anos desaparecido
Aqui viveu o pintor veneziano Tintoretto









segunda-feira, 25 de abril de 2011

Caraíva, o Paraíso é logo ali

Qual sua percepção do Paraíso? A minha é basicamente assim: uma vila onde se chega apenas de canoa, com ruas de areia, delimitada por um belo rio que forma uma barra ornada por coqueiros, no ponto onde encontra o mar. Do outro lado, uma área preservada de reserva indígena. E se a gente imaginasse esse mesmo lugar, só que a noite? A lua surgindo no oceano, vermelha e imensa. Não, não! Vamos tirar a lua e pintar o céu com a Via Láctea e milhões e milhões de estrelas que parecem tão perto que poderíamos até tocá-las. Eu sei,  cenário de conto de fadas? E é mesmo! Mas eu quase posso garantir que essas tais fadas, ali, são reais. O meu pedaço de Paraíso na Terra atende pelo nome de Caraíva e, me pergunte por quê, é mais especial do que muitos recantos charmosos do sul da Bahia.
O mapa da mina!
 Fim de tarde, a caminho do Boteco do Pará - foto: "Rogéria Ceni"
A Vila de Caraíva
O lugar que hoje vem sendo descoberto por famosos de revistas e descolados de plantão, já é, há muito, refúgio de pessoas especiais que buscam uma fonte de energia para se conectar a natureza. E que natureza. Experimente atravessar o famoso rio Caraíva e caminhar três quilômetros pela praia, em direção a Trancoso. Caminho com paisagens para transcender. Uma infinidade de coqueirais ao longe, um chapéu de sol que parece ter sido estrategicamente posicionado, e a praia do Satú, um caboclo que vive por lá há trinta anos ajudando a preservar o lugar. 
O Paraíso é logo ali...
Um pouco mais adiante, o prêmio maior para quem se animou a fazer a caminhada: duas lagoas de águas mornas que, a primeira vista, parecem miragem. 

"Day off" na Lagoa do Satu
Fim de tarde, de volta a vila, a pedida é o Boteco do Pará, na beira do rio. Mais uma experiência única, só que agora regada a Netuno, um bebida a base de gengibre, e porções de pastéis de sabor inenarráveis, como o de arraia. Há muito o que fazer em Caraíva, como descer o rio de bóia, tentar descobrir qual é a receita da famosa “Nega Maluca”, doce feito pela Duca, um ícone da vila, caminhar a noite pela rua do rio e comprar artesanatos charmosos, rodopiar a noite toda no forró, curtir a noite no sensacional Bar Lagoa, amanhecer na padoca 24hs, tomar umas e outras na Cachaçaria Busca Vida, conhecer a aldeia indígena, e por aí vai... Mas, quer saber? Nada de afobação, afinal de contas, essa terra aqui não combina com o corre-corre de quem vive na cidade grande. E não se acanhe caso atravesse o rio de canoa para “tomar de volta o rumo da vida real” com lágrimas nos olhos. É apenas a magia de Caraíva dizendo pra você voltar.

A seguir, algumas dicas práticas pra você aproveitar a sua viagem

O que fazer:
Se tiver vários dias pra curtir a região, pegue um buggy e passe o dia na Ponta do Corumbau. O cenário é deslumbrante, principalmente nos dias de sol; Em outro dia, encare uma caminhada de 7km’s pela praia até Curuípe, que ganhou fama como Praia do Espelho. O caminho inclui uma subida pelas falésias que levam a uma das mais espetaculares vistas do litoral do Brasil. A volta para Caraíva pode ser feita no fim do dia de barco ou, pela estrada, de táxi.

Onde ficar:
Caraíva tem vários estilos de pousadas. Se estiver buscando charme fique na Estrela do Mar ou na San Antonio. A Vila do Mar é perfeita pra quem não dispensa o luxo de ter uma piscina em frente ao mar. A Cores do Mar fica estrategicamente localizada ao lado do Bar da Praia, ideal pra quem curte passar o dia na praia com agito e “azaração”. Já a Pousada da Barra fica na curva entre a barra do rio e o mar, ótima opção para vivenciar um amanhecer de paz. Se quiser algo ainda mais exclusivo e isolado, a dica é a Pousada do Camarão que figura no roteiro das pousadas de charme do Brasil. Localizada depois do rio, no sentido de Trancoso, tem apenas 6 quartos. Mordomia e esconderijo V.I.P.!
As tradicionais casinhas de Caraíva. Foto: "Rogéria Ceni"
Onde comer:
Pelo menos uma vez, tome café-da-manhã na Mercearia do Xandó. Frutas, iogurte, granola, pãozinho com queijo e ovos, café, sucos... É um dos mais fartos da vila e com o melhor preço. Fora o carinho do Família Xandó. Saiba também que várias pousadas abrem seus cafés-da-manhã para não hóspedes.

Para um jantar romântico, a luz de velas, recomendo experimentar as massas feitas no charmoso Mangue Sereno. O meu prato preferido é o ravióli de banana da terra com molho de camarão e curry. Campeão! Mas vá tarde, por volta das 21hs30, se não quiser esperar horas para ser servido! Em Caraíva, os serviços já melhoraram muito, mas ainda assim são lentos. Não adianta estressar. O ritmo das coisas por lá é diferente.
Até quem é de São Paulo se surpreende com a famosa pizza do Guga. A massa é fininha e você pode entrar no sistema de rodízio, mas só vale a pena pra quem realmente come bastante. Se não, escolha os sabores a la carte. Guarde espaço no estômago para a famosa pizza de banana com chocolate. Pode acreditar no que digo: você nunca experimentou nenhuma pizza doce tão bem feita e deliciosa quanto essa, com direito a bordinha crocante e chocolate no ponto perfeito. O nome da iguaria já diz tudo: Incrível!
Falando em pizza, reserve uma noite para jantar no Bar do Porto. A verdade é que aqui a pizza não é nenhum primor, mas nas noites em que a banda de chorinho se apresenta, a atmosfera do lugar ganha um ar mágico, iluminado pelas lindas velas decoradas de Caraíva. Detalhe: à beira do rio.
Relax:
Em Caraíva você não tem escapatória, a não ser caminhar, a menos que você resolva contratar os serviços de táxi, o que aqui significa, carroças puxadas por mulas. As ruas são todas de areia, algumas bem fofas, diga-se de passagem. Mas isso só vai te fazer voltar pra casa com as pernas mais fortes e mais saudáveis. Ande de chinelo (o único calçado que você vai precisar nos dias em que estiver por lá, olha que chato!) se  não quiser pegar bicho-de-pé. Mas sabe de uma coisa? Se pegar, lembre-se que você está na Bahia, deite numa confortável rede, curta aquela coceirinha gostooosa no pé e deixe pra cuidar disso quando as férias acabarem...
Precisa dizer mais? Foto: "Rogéria Ceni"
Sempre bom lembrar de agradecer o privilégio de estar ali
Foto: "Rogéria Ceni"
Foto: "Rogéria Ceni"






terça-feira, 22 de março de 2011

Provence, uma inesquecível viagem pelo "Savoir Faire" francês

Romantismo, uma das melhores gastronomias mundiais, vinhos excepcionais, campos de lavanda, montanhas, praias, cidades medievais, séculos de história e muito, muito charme. Poucos lugares do Planeta reúnem tantos atrativos quanto a Provence. Não à toa, mestres da pintura como Van Gogh e Paul Cezánne se inspiraram na luz que torna únicas as cores desse pedaço do mundo. Se você ainda não é um, digamos assim, iniciado neste destino, já vou logo aproveitar a chance para te recomendar um pouco do melhor, o “creme de la creme”. Mas já aviso que neste texto vou deixar de fora dicas sobre a Côte D'Azur, ou Costa Azul, que também faz parte da Provence. Aqui vamos descer vales e subir montanhas.
Lá no topo de Rougon
Visual incomparável na região do Gorges du Verdon
Em primeiro lugar, alugue um carro. É muito mais fácil rodar pela região motorizado já que as distâncias são curtas e você terá mais liberdade para explorar tudo o que quiser. Fora a oportunidade de parar em todas as históricas vinícolas que encontrar pelo caminho e comprar vinhos de qualidade superior por valores baixíssimos. A viagem pode começar por Avignon. A cidade é grande, se comparada aos pequenos vilarejos da Provence, mas ainda assim, esbanja charme. Ali, a grande atração é o impressionante Palais des Papes, no qual viveu a corte papal francesa, durante o século XIV. No final do tour pelo palácio, visite a loja que vende os maravilhosos vinhos da região, como o famoso Châteauneuf-du-Pape. O Cube Hotel, onde fiquei, não tem luxo, mas é moderninho e o preço é justo. Aliás, o café-da-manhã é gostoso e servido no terraço, o que significa vista panorâmica de Avignon!!

Artista de rua em frente ao Palais des Papes
Avignon vista do alto
"Viajando" na construção
Você pode seguir a viagem rodando por várias vilas diferentes, 
dependendo do seu interesse. Se curte mercados e produtos regionais (o que na Provence quer dizer queijos, pães, frutas cristalizadas, patês e por aí vai...) informe-se sobre os dias da semana em que haverá mercado na rua. É um espetáculo a parte. Sobre hospedagem, vale a pena ficar nos chamados "Chambres D'Hote", hotéis típicos franceses. Existem vários tipos, desde os mais simples porém honestos, até os muito charmosos e também bem caros.


A Provence de dar água na boca


Na região do Luberon, as cidadezinhas que recomendo são:
- Gordes: é a mais famosa entre os turistas. Suspensa em uma colina, a vila é dominada por um castelo do século XVI o que oferece um belo visual para fotos. Também é ali que fica a Abadia de Senanque, ideal para ser visitada entre julho e agosto, quando os campos de lavanda estão totalmente floridos e se transformam no maior cartão postal da Provence. Se estiver em Gordes no verão, procure pelo brasileiro Rene Nunes que faz o maior sucesso tocando MPB no melhor clima francês. Neste ano, ele se apresenta no restaurante Le Renaissance, nas dependências do castelo, de 25 a 30 de junho.
Cena de cartão postal em Gordes

- Fontaine-de-Vaucluse: o visual ali é diferente graças aos mananciais do Rio Sorgue, o mais forte da França. Você pode passar o dia e almoçar em um dos restaurantes a beira da água verde clara.



- Lacoste: hoje quase todo o vilarejo pertence ao estilista Pierre Cardin. Não deixe de ir ao topo e visitar o famoso castelo do Marquês de Sade. 


- Le Baux-de-Provence: uma cidadela abandonada no alto de um grande planalto rochoso virou atração turística. É pra passar o dia caminhando pelas ruelas com suas lojinhas e janelas enfeitadas com vasos de flores. Foi lá que experimentei os deliciosos e inventivos chocolates do famoso chocolatier Joel Durand. Diz a lenda que na Era Medieval, Le Baux era habitada por bruxas e gnomos. Não duvido. Pense nisso quando estiver lá no alto, nas ruínas do castelo, olhando para a vista do Vale do Inferno. E volte correndo, antes de escurecer...

Nas ruínas de Le Baux, lembranças de um passado não muito agradável...

Bonnieux: quanto charme! Ande por todas as vielas, visite as lojas típicas, faça pic-nic na rua (e ouça "bon apetit" de todos que vão passar perto de você), esbanje jantando no restaurante La Bastide de Capelongue, do chef Edouard Loubet, ou no Le Fournil... Faça o que quiser. Mas não deixe de conhecer Bonnieux. Lá, fiquei hospedada no La Bouquièr, um Chambre D'Hote há quinze minutos da vila, que vale 100% pela acomodação, pela simpatia e pelo autêntico clima provençal.


Bonnieux em momento bucólico
Depois de se perder nas incontáveis rotatórias que levam às diferentes cidades provençais, vamos agora ao meu ponto preferido do mapa. A Provence a que vou me referir agora é pouco conhecida, porém, muito especial. É no chamado Gorges du Verdon com seu rio de impressionantes águas verdes claras, provenientes do degelo dos Alpes, que ficam as montanhas e os vales mais bonitos de toda a região e de, provavelmente, toda a Europa, sem exagero. 
Aiguines e o castelo do séc. XVII a esquerda
Aliás, esse é um destino super procurado pelos pelos próprios franceses e amantes de esportes radicais. Eu poderia citar vilas como Rougon, no alto, bem no alto, ou Aiguines, que fica às margens do belíssimo lago Sain-Croix. Mas, sem dúvida, um dos lugares mais encantadores que já visitei em toda a minha vida atende pelo simpático nome de Moustiers-Ste-Marie. 
Andar a noite pelas ruelas de Moustiers é como se transportar para outra Era


Moustiers ao cair da tarde
Fundada na época das Cruzadas, esta aldeia fica em um imenso desfiladeiro, adornado por dois cumes e, para completar, ainda tem uma cachoeira cortando o vilarejo. Cenário de filme. Boa dica para se ter uma visão panorâmica de toda essa maravilha é subir até a bela igreja de Notre-Dame-de-Beauvoir. Moustiers também é famosa pela cerâmica que produz, a faïence. Olha, ainda existem muitos lugares que quero conhecer nesse mundo, mas acho que já escolhi aquele em que seria perfeito dedicar meus últimos anos, com simplicidade e puro deleite. Dá até pra me imaginar andando pelas ruelas de Moustiers, vestida de saia longa e lenço na cabeça, entregue de corpo e alma ao sábio espírito do “Savoir Faire” francês. Sonhar não custa nada, né? Ah, pra terminar, deixo aqui um “salve” especial a um certo Peter Mayle. Merci beaucoup!