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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Venezia, La Sereníssima!

Veneza, 10 de maio de 2011, terça-feira, 08.36 p.m., horário local.

"Caminhando pelo bairro de Cannaregio, encontro uma jóia gótica. La Chiesa Madona del’Orto. Um silêncio pouco usual frente as hordas de turistas que circulam pela cidade. Na última luz do dia, um presente exclusivo: momento de paz que, pela primeira vez nessa viagem, me faz sentir o tão famoso encanto de Veneza. Sigo sem direção estabelecida e outra surpresa: o cheiro de azeite esquentando nas panelas sai das janelas das casas, das “simples” residências venezianas. Misturado a isso, a brisa traz o perfume do sabão que lavou as roupas agora estendidas pra fora, secando ao sabor do vento. Odores de uma vida cotidiana. Odores do Velho Mundo. Em um tempo de cinco minutos, entro numa rua “qualquer” e passo em frente à casa onde morou o compositor Richard Wagner. Tudo sem ter planejado nada. “Isso” é Veneza!"

Surpresas a cada curva
Minha passagem por lá dessa vez foi rápida, dois dias e meio, o que pode parecer muito diante do costume que gente do mundo inteiro tem de fazer apenas um “bate e volta”. Puro pecado. Esse tesouro da Humanidade merece várias e várias viagens, já que não existe nenhum outro lugar do Planeta com a mesma configuração desse pedaço do Vêneto. E se em outros tempos, a República La Sereníssima, ex-potência marítima e uma espécie de Nova Iorque da Idade Média atraia a atenção do mundo todo, hoje o grande barato de visitar Veneza é que a paisagem segue praticamente a mesma desde os primeiros anos da Era Cristã. 

Todo ângulo é perfeito para fotografar em Veneza
Os canais, as mais de 400 pontes, as ruas, vielas, “fondamentas” e “sotoportegos”... Flanar por ali é como explorar um mundo irreal. Dizem que a cidade um dia vai desaparecer embaixo d’agua, depois de uma grande inundação. Na dúvida, mais de 12 milhões de turistas a visitam todos os anos para conferir com os próprios olhos as belas construções, entre elas mais de 450 palácios de vários estilos que o ser humano foi capaz de erguer há tantos anos com o mais delicado  “capriccio”.
A cada esquina séculos de História

As pontes e balcões enfeitados com flores são cenário perfeito para viver um romance
Como desta vez fui a Veneza a trabalho, vou recomendar algumas lugares que descobri. Não é um roteiro completo, mas sim, um guia por onde passei mas que, sem dúvida alguma, vale a pena ser repetido por você. Chi vediamo una altra volta a Venezia!


Vai lá:

Hotel: toda viagem fica mais agradável quando a hospedagem é boa. O Boscolo Hotel Bellini é quatro estrelas, funciona no lugar de um antigo palácio aristocrático e reproduz essa atmosfera nos quartos. Você vai se sentir um conde ou uma duquesa na suíte que tem vista para o Grande Canale. A localização é perfeita pra quem busca praticidade: fica na rua da principal estação de trem, a Santa Lucia. 
Já o 5 “stelli” Grand Hotel Dei Dogi, da mesma rede, é puro luxo e uma viagem histórica. Erguida no século XVII, a construção traduz a típica arquitetura veneziana da época. Naquele tempo, a região de Madona dell’Orto era a única área cultivável da cidade e, graças a isso, o hotel é hoje o único com uma área verde de 3 mil metros quadrados e um agradabilíssimo jardim interno em estilo inglês que se abre para a espetacular lagoa de Veneza.
Pausa perfeita para o "dolce far niente", no jardim do Hotel dei Dogi
Lobby do hotel com destaque para o grandioso lustre de Murano

Igreja:
São centenas em Veneza! No bairro de Cannaregio, caminhando cerca de 15 passos do Hotel Dei Dogi fica a encantadora Chiesa Madona dell’Orto, preciosamente localizada em frente a um tranqüilo canal, o que leva a uma atmosfera de paz. Simples, a primeira vista. Mas em seu interior quadros imensos do pintor veneziano Tintoretto (que morou bem pertinho dali) enfeitam as paredes. Destaque para a obra “O Juízo Final”.
A delicada fachada de Madona dell'Orto
Cervejas do mundo inteiro:
O Aldo Campalto é um achado. O “baccaro-pub” tem uma enorme coleção de cervejas do mundo inteiro freqüentado também por uma galera do mundo inteiro. O ambiente é bem simples, com algumas mesinhas na calçada, beirando um canal. Perfeito para as noites quentes. Funciona todos os dias até as 2 da manhã, coisa rara em Veneza.
Fondamenta Cormesini/ Cannaregio 2710


Vinhos e “tapas” italianas:
Turista com sorte ou bem informado encontra os lugares freqüentados por gente da própria cidade. É assim na Cantine Aziende Agricole, de Berti Roberto (um figuraça) e na Enoteca Cantinone “Già Schiavi”, comandado por uma família tipicamente italiana.  São dois lugares para tomar vinhos bons e baratos, petiscando deliciosas tapas italianas que podem ser de atum, queijo, alcachofra, ricota com abóbora, bacon... As casas também oferecem uma infinidade de garrafas que podem ser levadas a preços bem interessantes. Se você já se perdia pelas ruas de Veneza, espera só até sair desses lugares, muitas taças de vinho depois...
Aziende Agricole: Rio Terà Farsetti/ Cannaregio, 1847/A
Enoteca Già Schiavi: Dorso Duro/ S.Trovaso 992
A entrada da Aziende Agricole 
Delícias da "Già Schiavi"
Restaurante:
Pode ir de olhos fechados ao La Colombina. Cozinha típica, porém inventiva. Ali, uma “simples” bruschetta ganha sabor superior. Experimente a massa com frutos do mar, que é tradição na cidade, mas neste restaurante se transforma em uma experiência gastronômica. Faça reserva antes e procure pelo simpático Signore Domenico que adora brasileiros!
Corte Del Pegoloto/ Cannaregio 1828-1831
Fachada do La Colombina
O tiramisú de outro restaurante, o 4 Ladroni, no sestieri (bairro) de Cannaregio
Fábricas de vidro, Murano:
Realmente vale pegar um “vaporetto” (os barcos que são o transporte público) e conhecer o trabalho dos artistas que seguem a técnica secular de fazer arte em vidro. Não é a toa que a ilha de Murano ganhou fama internacional. A que visitei chama-se Gino Mazzuccato. Dica importante: certifique-se do dia que há produção para que você veja as obras sendo feitas na hora (e não caia no conto da “demonstração”). Quando for à loja que fica na extensão da fábrica, siga para o andar de cima onde estão as peças mais exclusivas (e caras também ;-()
Fondamente Mani, 1 Murano
Artistas em plena produção 
Clown sendo feito a 4 mãos em alta temperatura
Agora em junho começa a Bienal de Artes de Veneza, a mais prestigiada mostra de artes do mundo. Até setembro, mais de 80 artistas de várias nacionalidades e cerca de 100 representantes italianos vão expor suas obras. Independentemente da Mostra, Veneza respira arte e é um museu a céu aberto.

Modernidade misturada a tradição. Arte por todos os lados 
Há muitas coisas para sugerir sobre Veneza, mas aí eu deixo para um guia especializado e completo. Só mais algumas considerações antes de terminar. Visite a Piazza San Marco, o principal ponto turístico da cidade e por isso mesmo absurdamente lotado, à noite (caso você já conheça durante o dia). Faça uma pausa no Café Florian (um dos mais tradicionais) e contemple...
Vista da Piazza San Marco ao fundo
Detalhe do Palazzo Ducale, antiga moradia do governador de Veneza
Uma vez na cidade, experimente o famoso drink Bellini, feito com prosecco e pêssego. A bebida, deliciosa por sinal, é uma homenagem ao pintor Giovanni Bellini mas que foi imortalizada por Ernest Hemingway, cujas palavras tomo emprestadas para finalizar essa viagem: “Sentado as margens do Grande Canal e escrevendo perto de onde Byron, Browning e Annunzio escreveram, senti que eu tinha chegado ao lugar onde eu sempre deveria ter estado”.

Arrivederchi!

Angelo, eu e Kiko. Equipe TAM Nas Nuvens em "ação"
Roupas ao vento. Foto: Angelo Tapias
Detalhe na vitrine de um restaurante. É tutto vero!
Em que outro lugar do mundo pode haver uma sinalização como essa?
A beleza está nos detalhes. Aqui, em uma gôndola
Detalhe das fontes de água espalhadas pela cidade 
O nariz da escultura foi recuperado depois de anos desaparecido
Aqui viveu o pintor veneziano Tintoretto









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